A arte é perigosa
Eu não tenho muito interesse por mídia audiovisual. Faz um ano que não
assisto filme, tem meses que eu não assisto anime, e deve ter pelo menos
meia década que não assisto série. Há algumas razões para isso. Uma
primeira razão é que eu, por algum motivo, parei de ter interesse em mídia
atuada. Não suporto muito a ideia de que o que eu estou vendo é "falso".
Outra razão é que se perde quantidades astronômicas de tempo con-
sumindo essas mídias, algo que foge do meu objetivo. Mas uma razão
recente que pude notar é perceber o quanto a arte é, em certo sentido, perigosa.
O penúltimo e último anime que eu vi foram "Raibane Renmei"
e "N.H.K. ni Yōkoso!", ambos animes considerados clássicos da indústria.
São ótimos animes, recomendo que vejam especialmente "Raibane Ren-
mei" (tem no YouTube!), porém é engraçado perceber por agora o
quanto me senti mal ao assistir eles. Ao assistir "Raibane Renmei", fi-
quei tão imerso nos temas religiosos que o anime trata que resultou qua-
se na minha conversão ao cristianismo. É cômico pois, se eu realmente
tivesse me convertido, certamente estaria até hoje agradecendo o Yoshi-
toshi Abe por tê-lo criado.
Essa pequena anedota ilustra como a arte tem um poder de transforma-
ção verdadeiramente ameaçador. Seja para o bem ou por mal, a boa arte
pode nos mudar de maneira irreversível. A arte é perigosa então justamen-
te por isso, pois tem o poder de incutir ideias em nós que a princípio não nos per-
tencem. Naturalmente isso não indica necessariamente que con-
sumir arte é ruim, e sim que temos que ficar cientes desse forte poder
de influência que estamos sujeitos.